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Ervas & Folhas
Ervas & Folhas

                

Em uma casa de candomblé, um dos elementos principais e que requer grande sabedoria são as folhas. Sem esse entendimento não haverá a presença do Orixá e prevalece o velho provérbio das casas: Kó sí ewé, kó sí Orixá! Sem folha não há Orixá.

Ter os conhecimentos das folhas que vão participar dos banhos purificadores, combiná-las com suas propriedades específicas adequadas a cada Orixá, a cada Orí, na confecção do adòsú, na preparação da ení do futuro ìyàwó como forma de proteção e fortalecimento, no àgbo do banho do ìyàwó para purificá-lo, como também como bebida e remédio e o próprio transe na incorporação da energia, estabelecendo equilíbrio e inconsciência. A quantidade de folhas no àgbo varia de casa para casa podendo ser quatro folhas ou múltiplos de quatro e combinando a essência - quente/fria, macho/fêmea e equilíbrio.

O Olosányìn é o responsável pelas ervas, folhas e vegetais em geral. Este cargo está diretamente ligado aos zeladores da casa, dada a sua importância e responsabilidade, e caso não exista um Olosáyìn ou Babalosáyìn, o próprio Babalorixá ou Iyalorixá cumprirá essa função, não podendo delegar a outro filho.

As folhas quando chegam na casa devem primeiramente descansar por algum tempo, depois devem ser bem lavadas por quem irá macerá-las, são colocadas sobre a ení para que o Babalorixá ou Iyalorixá possa rezá-las com cânticos das folhas ou de cada folha especificamente de frente para os Ìyàwós que se encontram Kúnlè. O Bàbá ou Ìyá abrirá um Obí, confirmará as folhas escolhidas, mastigará o obí espargindo-os sobre as folhas com seu hálito, seu axé, suas palavras mágicas, para logo depois soltar as folhas para macerar, separando os galhos, caules e folhas feias para o lado, em silêncio, com uma vela ou fifó aceso à frente, sem pressa e rápido, o banho do aríàse do Ìyàwó. Vale ressaltar que após a maçeração, o banho descansa um pouco e o que sobrou do banho, já cuado, irá para o ojúbo de Òsanyìn da casa, para depois ser despachado nas águas do rio ou mato.

Todas as obrigações, além da iniciação, em que tiver sacrifício de animais de quatro pés, serão sempre precedidos dessa liturgia sagrada sendo um orô obrigatório, sempre com louvação a Pai Òsányìn, no qual chamamos comumente de Sasányìn ou seja, Asá Òsányìn, que são feitos no primeiro dia após iniciação, no terceiro e sétimo dia. Há também o ebó de carrego de toda a obrigação que o próprio Ìyàwó participa, que é entregue a Èsù Òdàrà em seu ilé, para que dê tudo certo e proporcione tranquilidade aos rituais secretos internos do àse.

“Korin Ewé”, isto é, cantar Folhas em louvor a Òsányìn, aos animais que participaram da obrigação, aos Bàbás, Ìyás, ancestrais, aos ègbóns, sua raiz e àse, Ogans e Ekedis, aos Orixás e ojubós da casa, a Òrúnmìlà e por fim a Òsàlá. Finaliza-se o culto com os cânticos das três águas, o omièrò de àse, reverenciando o Màrìwò e Òsányìn.

“Biribiri bí ti màrìwò
jé òsányìn wálé màrìwò
Biribiri bí tí màrìwò
Bá wa t’órò wa se màrìwò”.

Algumas casas tradicionais tem um esquema fixo de folhas combinadas para banhos de àgbo pra casa, para obrigação, para o àse, para o osé, etc.

Um dado litúrgico importantíssimo é que as folhas acompanham os assentamentos de todo e qualquer Orixá quando estes vão comer, acomodando o assentamento, como também o ìgbá Orí quando o Orí vai comer. As folhas combinam de uma forma mágica misturadas e essencialmente equilibradas e de acordo com cada Orixá, e sempre frescas.

Obs: Não se toma banhos de àgbo velho que pode estar passado ou estragado, pois as ervas perdem sua função litúrgica.

Pai Òsányìn gosta de um fumo de rolo no cachimbinho de barro, se disfarça num lagarto, num galho seco que Eyé pousa, pula numa perna só, gosta de vinho de palma, fradinho torrado com mel e frutas. Alquimista e solitário, é um grande Pai que está presente dentro do àse das casas ketu/Nagô.

Sãos as folhas secas que nos fornecem um bom defumador para inúmeras finalidades, são com folhas que fazemos vários tipos de ebós de sacudimento de egun, e quantas dietas fazemos com folhas?

São 21 os korín ewé entoados e a primeira Ewé é o Pèrègún, a folha ancestralizada: asà o, erù ejé.

“Pèrègún àlà wa titun o
Pérègún àlà titun
Bàbá pèrègún àlà o merin
Pèrègún àlà wa titun”

Só Òsányìn conhece os segredos das folhas, só ele sabe os ofós que despertam seu poder e força. Conectar com essa magia é o grande Awo e o ejé verde é fundamental em toda liturgia.

As ervas detém grande quantidade de Axé (Energia mágica, universal, sagrada) e quando bem combinadas entre si, detém forte poder de limpeza da aura e produzem energia positiva.

Os Tipos de Ervas

Ervas Quentes ou Agressivas

Como o próprio nome diz, são ervas extremamente fortes e agressivas, que atuam nas camadas energéticas mais densas.
Devem ser utilizadas para eliminar, limpar, dissolver, anular, cortar e quebrar os acúmulos energéticos negativos, existentes nas pessoas ou no ambiente.

Por serem ervas de intensa força, que onde encostam causam reações, também “roubam” a energia vital das pessoas que a usam, daí vem o “boato” de não usarem certas ervas na cabeça.

Estas ervas não podem e não devem ser utilizadas diariamente pelas pessoas e, sempre que forem utilizadas, o recomendado é a seguir utilizar alguma erva morna ou equilibradora.


Ervas Mornas ou Equilibradoras

São as ervas que, além de harmonizar e equilibras as forças vitais das pessoas, também atuam no sentido de corrigir o “estrago” causado pelas ervas quentes ou agressivas.

São as ervas que podemos utilizar no dia a dia, ou seja, sem restrições.


Ervas Frias ou Específicas

São ervas que servem especificamente para algum fim, ou seja, são ervas como as ervas medicinais, direcionadas para o físico e não para o espiritual. Por exemplo, ervas com característica calmante, atratoras, fortalecedoras, etc..

Um dos pontos mais explorados no reino da magia das plantas é o seu uso como elemento facilitador em determinadas situações de nossas vidas. Esse uso é feito por meio de encantamentos e rituais que empregam, além das plantas, os minerais e os elementos animais, muitas vezes misturados em complexas fórmulas mágicas.

Esses conhecimentos nos foram legados pelos herboristas, alquimistas, botânicos e sacerdotes do passado. Seus conhecimentos por vezes se perderam, restando apenas informações dispersas e pouco consistentes que ainda assim provocam grande curiosidade na maioria das pessoas.

Um banho, com o Axé das ervas dos Orixá do Candomblé, age sobre a aura eliminando energias negativas, produzindo energias positivas.

Um banho de ervas reúne as ervas adequadas a cada caso, agindo diretamente sobre esses distúrbios, eliminando os sintomas provocados pelo acumulo de energias negativas.

Ervas indicadas para preparar um banho

Nesta relação, encontra as ervas mais utilizadas, e que são mais facilmente encontradas para uso.

USO DAS PLANTAS EM BANHOS MÁGICOS

Banhos da Felicidade
Manjerona (folhas)
Cravo-branco (flor)
Alecrim (folhas)
Canela (casca)
Jasmim-estrela (flores)
1/2 xícara (café) de álcool de cereais.


Banhos para Tirar Mau-olhado
Alho (dentes)
Alecrim (folhas)
Arruda
Guiné (folhas)
Rosa-branca (flor)
Espada-de-são-jorge (folhas)
Sal grosso (um punhado)

 

USOS DAS PLANTAS EM BANHOS DE CANDOMBLÉ

Contra Feitiços
Arruda (folhas)
Guiné (folhas)
Espada-de-são-jorge
Sal grosso.


Proteção contra Perigos
Espada-de-são-jorge (folhas)
Comigo-ninguém-pode (folhas)
Guiné (folhas)
Arruda (folhas)
Hortelã-levante (folhas)


Proteção no Amor
Rosa-branca (flores)
Jasmim-estrela (flores)
Lírio-branco (flores)
Erva-cidreira

Depois dos banhos ou defumações, recomenda-se que a própria pessoa recolha as folhas e cinzas e as jogue fora, de preferência na água corrente: em rios ou no mar. Essa etapa faz parte do ritual e deve ser executada com a mesma concentração mental usada durante o tratamento, mentalizando que todos os pedidos vão ser realizados e todas as coisas ruins estão sendo definitivamente levadas embora pela força das águas.

                                          


ALGUNS USOS ENCANTATÓRIOS DAS PLANTAS

Como afrodisíaco: cravo-da-índia, baunilha, canela, camélia, cardamomo, coentro, levístico, pimenta-da-jamaica, pimentas cápsico, laranja-azeda, flor de datura, abrótano, jasmim, ilangue-ilangue, pimenta-do-reino, patchouli, sálvia esclaréia, sândalo, rosa.
Para ajudar na meditação: ênula, zimbro, bálsamo-de-tolu, ciperácea, sálvia esclaréia, giesta, glicínia, sândalo, cálamo-aromático, magnólia,mirra.

Para atrair sorte: canela, jasmim, lótus, jacinto, baunilha, cumaru, gerânio, noz-moscada, bergamota, cipreste.

Para atrair sucesso e promoção na carreira: azaléia, cravo-de-defunto, olíbano, hortelã-pimenta, erva-cidreira, hissopo.

Para atrair um amor: ervilha-de-cheiro, lótus, jacinto, baunilha, bétula, camélia, coentro, lírio-florentino, rosa, cumarina, laranja-azeda.

Para estimular a clarividência: açafrão, capim-limão, louro, anis-estrelado.

Para estimular a mente: Babosa, aipo, cânfora, ênula, zimbro, anis-estrelado, estoraque, funcho, madressilva, cacto, cálamo-aromático, gengibre.

Para estimular sonhos proféticos: peônia, mimosa, amarílis, giesta.

Para limpar os ambientes de energia negativa: cânfora, comigo-ninguém-pode, guiné, arruda, alecrim, espada-de-são-jorge.

Para melhorar as finanças: camomila, olíbano, alfazema, erva-cidreira, cedro, hissopo, cipreste, abóbora.

Para promover amizades: ervilha-de-cheiro, urze, citronela, erva-cidreira, cumarina.

Para proteger contra magia negra e negatividade: alecrim, louro, jasmim, cenoura, violeta, hortelã-pimenta, verbena, assa-fétida, gerânio, manjericão, patchouli, hissopo, noz-moscada, bergamota.

Para purificar os altares e untar equipamentos ritualísticos: falsa-acácia, flor de maracujá, jacinto, benjoim, rosa, sálvia, mirra.

Para trazer paz e harmonia às relações: gardênia, alfazema, narciso, urze, violeta, hissopo.


USO DAS PLANTAS EM DEFUMAÇÕES

Proteção do Lar
Lágrima-de-nossa-senhora (raiz)
Alecrim (folhas secas)
Alho (casca)
Incenso de igreja (resina em grãos)
Carvão vegetal

Limpeza do corpo
Canela (folhas)
Erva-doce (sementes)
Cravo da índia (flores secas)
Limão (casca desidratada)
Carvão vegetal

 

ERVAS CURATIVAS

AÇAFRÃO: Depressão e febre.

AGRIMÔNIA: Icterícia e doenças hepáticas.

ALECRIM: Resfriados, cólicas, congestão hepática, depressão, cansaço, dores de cabeça, pressão alta, problemas nervosos cardíacos,
paralisia, reumatismo, estresse, fraqueza dos membros e vertigem.

ALHO: Artrite, asma dos brônquios, infecções e reumatismo.

AMIEIRO: Diarréia, inflamações e dores de garganta.

ANGÉLICA: Alcoolismo e abuso de drogas, atraso menstrual, dor de dente.

ANIS: Asma dos brônquios, bronquite.

ARTEMÍSIA: Febre.

ASCLÉPIA ou algodãozinho do campo: Verrugas.

BABOSA, folhas de: Queimaduras e ferimentos externos.

BOLSA-DE-PASTOR: Contusões, irritações cutâneas e reumatismo.

CAMOMILA: Cólica, febre, inflamações, cólicas menstruais e problemas de nervos.

CANELA: Gripe.

CARDO ABENÇOADO: Resfriados.

COENTRO: Febre.

COMFREI: Disenteria, ferimentos externos e úlceras estomacais.

CORNISO: Febres e infecções.

CURCUMA (goldenseal): eczema, problemas oculares, infecções internas, poison ivy, úlceras do reto e tinha.

DENTE-DE-LEÃO: Constipação, pedras vesiculares e problemas do fígado, pâncreas, baço ou órgãos femininos.

ERVA-MACAÉ: Todos os problemas femininos.

ESCABIOSA: Tosse e menstruação irregular.

ESCADA-DE-JACÓ ou polemônio: Febre

ESPINHEIRO-ALVAR: Arteriosclerose, edema, problemas cardíacos e fraqueza muscular.

EUFRÁSIA: Problemas oculares.

FUNCHO ou erva-doce: ansiedade, constipação e períodos menstruais irregulares.

GATÁRIA ou erva-dos-gatos: Ansiedade, febre, cólicas menstruais.

GENGIBRE: Febre, impotência e cólicas menstruais.

GINSENG: Impotência e todos os males relacionados à sexualidade.

HAMAMÉLIS: Ansiedade, eczema, inflamações, inchaços e tumores.

HIPERICÃO ou erva-de-são-joão: Diarréia.

HORTELÃ-FRANCESA: Infecções.

HORTELÃ-PIMENTA: Dores de cabeça e câimbras musculares.

ÍNULA: Febre.

IRISH MOSS (espécie de alga marinha): Queimaduras e tosse.

JASMIM: Impotência.

LAVANDA: Depressão, cansaço, dor de cabeça, impotência, dores nevrálgicas, reumatismo e torções.

LÍNGUA-DE-SERPENTE: Úlceras estomacais e tumores.

LOSNA (ou absinto): Resfriados e febre.

MALVA: Amigdalite.

MANDRÁGORA, raiz de: Impotência e esterilidade.

MARACUJÁ, flor de: Insônia.

MARGARIDA: Asma dos brônquios.

MARROIO-BRANCO: Resfriados, tosse e constipação.

MILEFÓLIO ou mil-em-rama: Dores do cancro, resfriados, febre, doenças hepáticas e dores musculares.

MIRRA: Irritações e dores da gengiva.

MORANGO, folhas e flores de: Gota.

PANACEIAS (prunela, erva-férrea, sanícula): Ferimentos externos.

PÉ-DE-GALINHA: Inflamações.

PÉ-DE-LEÃO: Febres, dores de cabeça, inflamações, insônia, menopausa, cólicas menstruais e dores de dente.

POEJO: Febre e cólicas menstruais.

RAIZ-FORTE: Bronquite, resfriados, problemas renais e reumatismo.

ROSA: Pedras renais.

SABUGUEIRO, flores de: Resfriados, constipação, febre, hemorróidas e impotência.

SALGUEIRO, casca de: Dores de cabeça.

SÁLVIA: Resfriados e tosse, depressão, febre, gripe, insônia, pleurisia, torções e varizes.

SANGUINÁRIA-DO-CANADÁ: Tinha.

SELO-DE-SALOMÃO: Contusões, irritações cutâneas e machucados.

SERPENTÁRIA: Impotência e picada de cobra.

TASNEIRAS: Menopausa e problemas menstruais.

TOMILHO: Febre, dores de cabeça e coqueluche.

TREVO CARMESIM: Cânceres.

TROMBETA ou estramônio: Poison ivy.

TUSSILAGEM ou unha-de-cavalo: Asma dos brônquios, bronquite, dores no peito e tosse.

URTIGA: Asma dos brônquios, dores musculares, úlceras estomacais e doenças dos pulmões e intestinos.

VALERIANA: Ansiedade, insônia, reumatismo, estresse e inchaço das juntas.

VARA-DE-OURO: Infecções da bexiga, inflamações e insônia.

VERBASCO, folhas de: Asma dos brônquios.

VERBENA: Febre.

VIOLETA: Infecções.

ZIMBRO: Dores nevrálgicas, reumatismo e inchaço.

 

AS ERVAS DOS ORIXÁS

Clique no nome do Orixá para ver a relação de ervas e folhas pertencentes à ele:

 

                               

 

                                 

 

                                 

 

         

 

                                                 

 

 

Èwé ÒSÍBÀTÁ – A Folha Sagrada

Uma das folhas preferidas de nossas Grandes e Veneradas Mães é a folha de òsíbàtá (oxibatá), também muito conhecida popularmente como ninféia, folha de lótus, lírio d’água ou golfo d’água. Seu nome botânico é Nymphaea sp., que tem como origem a palavra em latim nympha (divindade feminina das águas, bosques e dos montes). Existem diversas espécies de ninféias, sendo que a maioria é originária da África, Europa e Ásia, embora algumas até sejam encontradas no Brasil. Suas flores podem possuir diversas tonalidades como o branco (N. alba), azul (N. caerulea), vermelho (N. rubra), e amarelo (N. luteum). A ninféia azul é nativa do Nilo (Egito), e segundo relatos era uma das plantas consagradas a uma divindade muito antiga, conhecida como Nefertem ou Nefertum. A flor era muito apreciada pelos antigos egípcios, não apenas pelo seu odor inebriante como também por suas propriedades curativas.

                                                       

Segundo alguns mitos, Nefertem utilizou essa flor como oferenda ao deus do Sol, Ra, para que as dores do seu corpo envelhecido o deixassem. Outra lenda relata que Isis, deusa da maternidade, fertilidade, protetora das crianças e também associada aos mortos foi quem ensinou aos homens a utilização de seus rizomas na alimentação. Foram encontrados vestígios de grandes buques de ninféia ofertados no túmulo de Ramsés II, que as cultivava em seu palácio, assim como Amenófis IV. Suas flores serviam como adorno nos festivais religiosos e também como oferendas aos deuses e os mortos, podendo também ser ofertadas como presentes a pessoas importantes ou como sinal de amizade. Assim como as iyabás estão associadas ao elemento água, as ninféias são classificadas como plantas emersas, ou seja, parte de seu corpo fica enraizado no lodo e outra parte fica acima da água. Costumam ser encontradas em rios de águas calmas ou em lagos. Suas folhas são grandes, coriáceas, de coloração verde brilhante em cima e avermelhadas por baixo. Suas flores surgem solitárias, apresentando ambos os órgãos sexuais (hermafroditas). Elas se abrem bem cedo e se fecham por volta do meio dia, realizando esse movimento por até três a quatro dias, quando se fecham (submergindo) e dão origem as sementes.

A planta possui propriedades calmantes, antiespasmódicas, sedativas e psicoativas devido provavelmente à presença de alcalóides como apomorfinas e a nuciferina, presentes principalmente na espécie caerulea. Doses de 5 a 10 gramas das flores podem alterar o grau de consciência, assim como a percepção visual. Uma de suas propriedades mais conhecidas, tanto pelos gregos como pelos egípcios era o seu poder anafrodisíaco, em especial a espécie alba. Podia ser utilizada sobre os órgãos genitais em casos de compulsão sexual obsessiva e ninfomania. Segundo sugerem Pessoa de Barros & Napoleão (1999) a planta poderia possuir ainda propriedades abortivas. No campo da aromaterapia a flor de lótus do Egito traria harmonia e expansão da consciência, purificando os chacras e promovendo um bem estar sistêmico.

No culto aos orixás costuma ser associado a todas as iyabás: Oxum, Iemanjá, Oyá, Obá, Nana e Ewá. Uma vez que é uma planta ligada a água também é consagrada a Oxalá (ninféia branca), que é um Orixá úmido por natureza. Uma observação interessante é que embora possua propriedades calmantes e sedativas não é considerada uma ewé eró e sim um ewé gun.

Seu nome em Yorubá (òsíbàtá) significa “não se submete”, nos lembrando que é uma planta de grande axé e que deve ser utilizada com cuidado. Por sua ligação estreita com a grande Mãe Oxum e também com Oxalá, é indispensável em determinados rituais, como o odu Èje. Esse momento marca o final do processo de iniciação e o início de uma caminhada independente.

O Oxibatá é fundamental na liturgia de todo Iyawo, sendo preponderante nos ritos a Oxum, a verdadeira “Mãe do segredo”.