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Cargos de Santo
Cargos de Santo

                                                 São inúmeros os cargos exercidos nos Candomblés. Cada Nação tem seus correspondentes cargos, sendo certo que, embora variem as denominações, na maioria das vezes correspondem ao desempenho das mesmas funções. Muitas vezes, em Casas da mesma Nação, há cargos que não se usam, por razões de tradição própria, ou mesmo por carência do ocupante.

                                                 Os cargos de santo são outorgados diretamente pelo Zelador da Casa, pelas  Divindades manifestadas (geralmente a do próprio Zelador ou daqueles que já contem vários anos de iniciação), ou ainda por vontade dos Orixás revelada através do Oráculo (inclusive o da pessoa que irá receber o oyè). Geralmente os cargos são distribuídos aos filhos de santo que já possuam razoável tempo de iniciação religiosa e de freqüência na Casa (ainda que não iniciados naquele próprio Terreiro), dada à responsabilidade intrínseca e ao grau de confiança depositado.

                                                 É pouco usual, porém não impeditivo, que determinados cargos sejam outorgados a pertencentes de outros candomblés, que embora não freqüentem a Casa, a visitam em diversas ocasiões, devendo estar presentes nos momentos em que tal cargo deverá ser exercido. Isto se dá quase sempre quando os cargos têm caráter honorífico, ou quando a Casa prescinde de outra pessoa capacitada para aquele senhor. Citamos o caso de Pejigans, Axoguns, Alabês, Ekedis, etc.  Os cargos não são exclusivos dos médiuns de incorporação (“elégùn”, de gùn, montar), podendo ser atribuídos aos “não rodantes”, tais como ogans e ekedis.

                                                 Cada  oyè requer necessariamente uma afinidade entre a função a ser desempenhada e o Orixá daquele que receberá o cargo, devido às atribuições que lhe cabem ou caberão.  Nem sempre aquele que receberá o oyè já domina as funções atinentes ao cargo. É preciso que ele possua as condições para tal. Muitas vezes esta avaliação é subjetiva e, como dissemos, caberá ao outorgante, mesmo que os demais não a entendam ou concordem. Normalmente, é após a outorga do cargo, que o exercente será precisamente orientado e instruído para o bom desempenho.

                                                 Os cargos podem ser renunciados, muito embora isto signifique grande desfeita à Casa e ao Outorgante, bem como podem ser também destituídos dos outorgados (com exceção dos cargos de Ogã e Ekedi, que são vitalícios). Geralmente a Segunda hipótese ocorre por negligências repetidas do exercente, fazendo com que o próprio outorgante lhe destitua; por sua inexplicada ausência da Casa; ou ainda  pela necessidade de ocupação do cargo, quando o exercente precisa se ausentar do Candomblé por muito tempo.  Os cargos não são obrigatoriamente vitalícios, podendo ser remanejados entre os filhos de santo (seguindo-se o mesmo critério da outorga) ocasionando que alguns filhos, ao longo dos anos, tenham exercido vários cargos no mesmo Candomblé. Contudo, raramente há “rebaixamento” dos cargos exercidos pelo mesmo filho de santo. Os cargos não são acumulados pela mesma pessoa, mas sim as funções. Por exemplo, a Ìyá kékeré (mãe pequena), por alguma necessidade (inclusive ausência de encarregados específicos) pode vir a exercer as funções da Ìyá efun, e ou da Ìyá gbàsé, sem que com isto detenha os três cargos.

                                                 Atualmente, face à interseção havida entre as Nações, muitos cargos de origens diversas convivem no mesmo Candomblé, reproduzindo tradições pontuais, mas já perdendo-se a origem histórica, regional e até liturgia.  Outro fator complicador para a identificação precisa de cada “oyè”, é a questão gramatical. Devido à dificuldade com as línguas de origem, a correta denominação, tradução e pronúncia dos cargos foi se perdendo no tempo, ou até mesmo modificando-se.  É importante não confundir o cargo (oyé), com o orunkó, e com o título. Ou seja, o cargo diz respeito à função a ser exercida. Exemplo: Ìyágbasé -  a mãe que cozinha. Já o orunkó, é o nome pessoal do Orixá, o qual, em determinadas Casas, passa a ser o nome pelo qual o respectivo iniciado passa a ser chamado. Ex.: Odé Kaiodê – O Caçador Tráz  Alegria. O título, diz respeito exclusivamente ao Orixá, à sua bravura, feitos ou características, o que, por muitos é confundido com as qualidades daquele mesmo Orixá. Ex.: Oya Messãn Orun, título de Iansã que a designa como a Mãe dos Nove Espaços Siderais. Muitas vezes o filho de Santo pode exercer um cargo na Casa e ser chamado apenas por seu Orunkó. Ou ainda, na mesma situação, ser chamada exclusivamente pelo cargo que exerce. Registre-se ainda, que no mesmo Candomblé, pode haver aquele que é chamado pelo cargo, enquanto outro, por razões aleatórias, é denominada pelo Orunkó. Não há normas rígidas quanto a isto.

Segue elenco de cargos catalogados, listados tal como obtivemos, quer seja, sem o rigor gramatical, nem critério étnico:

  • Abiãn (Abíyán): é o frequentador da Casa enquanto não iniciado na Religião. A – aquele que, bí – que nasce, íyán – com dúvidas;
  • Afikodé (Aficode): posto do quarto de Oxossi;
  • Ajimudá (Àjímúdà): cargo masculino do culto a Omulu;
  • Ajimudá (Àjímúdà): é um cargo do culto a Oyá. Participa e é saudada no ipadê. A – aquela, ji – que acorda, mú – pega, idá – a espada (ou alfange);
  • Ajòiè: Ekedi responsável por vestir e zelar pelas roupas dos Orixás;
  • Akouê (Akòwé): responsável pelas compras; secretária, escritora;
  • Alabá: um dos sacerdotes do culto aos ancestrais;
  • Alabê (Alágbè) ou Ogãnilú (Ògán nílù): é o encarregado dos instrumentos musicais e dos cânticos a serem entoados;
  • Alagadá: Ogan que cuida das ferramentas de Ogum;
  • Alapini: sacerdote do culto aos ancestrais;
  • Apajá (Apájá): é o Ogã que sacrifica cachorro para Ogum;
  • Apetebi (Apètèbí): auxiliar do pai de santo. Segundo Bastide, é a esposa do pai de santo. Devido a isto, ainda que não iniciada, passa a usufruir de certo prestígio na Casa. Em alguns casos, pode até fazer consultas oraculares;
  • Apogãn (Apokan): cargo masculino do culto a Omulu;
  • Apotun (Apótún): cargo masculino do culto a Omulu;
  • Aramefá: conselho de Oxossi composto por seis pessoas;
  • Axobá (Ásógbá ou Ásógbánilé): maior cargo masculino do culto a Omulu. Trata-se daquele que conserta, coze e costura as cabaças;
  • Axogum (Àsògún): responsável pelo sacrifício dos animais. Geralmente é um filho de Ogum;
  • Aiyabá: cargo feminino. É quem bate o ejé nas grandes obrigações;
  • Aiyabá Ewe: cargo feminino. É a responsável por rezar as folhas;
  • Babalaô (Bàbákáwo): sacerdote encarregado da prática do jogo de búzios para conhecer o Orixá  e o odú de uma pessoa, e todas as decorrências disto;
  • Babalossaim (Bàbálósányin) ou Olossaim (Olósányin): é o responsável por conhecer e colher as folhas ritualísticas.;
  • Babaojé (Bàbálojé): encarregado do culto aos mortos;
  • Balodé: Ogã de Odé;
  • Balogun (Balógún): posto do quarto de Ogun;
  • Bamboxê: sacerdote do culto a Xangô;
  • Ebômi (Ègbónmi): título inerente ao iniciado que realiza a obrigação de sete anos de iniciação. Representa qualidade hierárquica no Candomblé. Significa “minha irmã mais velha”;
  • Ejitata: cargo masculino do culto a Omulu;
  • Elemoxó (Elémòsó): posto do quarto de Oxaguiãn;
  • Equedi (Ekedi): são aquelas escolhidas pelos Orixás para servi-los. Portanto, são as que cuidam da segurança dos que estão manifestados, dançam com os Santos, vestem e acordam os Orixás, por isso são chamadas de mães. Não se manifestam com Orixá;
  • Fatumbi: cargo de sacerdote de Ifá;
  • Iabassê (Ìyá gbàsè): é a responsável pelas cozinhas de santo e pelas oferendas;
  • Iadagãn (Ìyádagan): é a mais velha (no santo) auxiliar direta dos ritos de ipadê. Possui duas substitutas: otun e osidagan;
  • Iaefun (Ìyá Efun): é a mãe que pinta os iniciados com efun. Geralmente é uma cargo dado aos filhos de Oxalá, por ser o efun  intimamante ligado ao culto daquele Orixá;
  • Iaegbé (Ìyá Égbé): conselheira, assessora do(a)  Zelador(ra). Seu correspondente masculino é o Bàbáégbé;
  • Iajibonãn (Ìyájíbóna) ou Ajibonãn (Ajíbóna) ou Ojùgbònà): mãe criadeira, é quem cuida dos iniciados enquanto estão recolhidos, ensinando-lhes os rituais e regras de comportamento. A jí bí òna (aquela que dá caminho);
  • Ialatoridé: posto do quarto de Oxalá. É a mãe que prepara e cuida dos atoris de Oxalá;
  • Ialaxé (Ìyáláse ou Álásé)): é a que conhece e zela pelo axé. Segundo Beniste, “Toda Ìyálórìsà é uma ìyáláse, mas nem toda ìyáláse é uma ìyálórìsà.”;
  • Ialaxó (Ìyáláso): é a encarregada de costurar e vestir os Orixás;
  • Ialodê (Ìyá lodè): é a uma respeitável senhora da Casa, a quem, por idade de santo ou de vida, merece distinguido respeito;
  • Ialorixá (Ìyálórìsà): autoridade máxima do Candomblé. Seu correspondente masculino é o Babalorixá (Bàbálórìsà);
  • Iamorô (Ìyámórò): é aquela que dança com a cuia no ritual do ipadê é a que despacha Exú;
  • Ianassô (Ìyá nasó): sacerdotisa encarregada do culto a Xangô;
  • Iaô (Ìyàwó): é o recém iniciado no culto. Tal denominação irá acompanhá-lo até os 7 anos de Santo. O termo significa esposa, mais é utilizado tanto para homens quanto para mulheres;
  • Iaquequerê (Ìyá kékeré): mãe pequena. É a Segunda na hierarquia da Casa. Seu correspondente masculino é o Babaquequerê (Bàbákékeré);
  • Iatebexê (Ìyátebesé): a encarregada de escolher os cantos e de cantar os solos;
  • Iatemi (Ìyátemí): cargo da Nação Jeje, dado às mulheres com mais de 7 anos de iniciação;
  • Ibalé (Ìgbálè) ou Balé (Balè): cargo do culto a Yansã;
  • Iyalabakê: responsável pela alimentação dos iniciados;
  • Iya Sirrá (Ìyá Síhà): significa seguir em direção a um caminho. É ela quem conduz o estandarte de Oxalá;
  • Iyatojuomò: responsável pelas crianças do axé;
  • Jobi: cargo sacerdotal;
  • Kaueuêo (Kawéo): posto do quarto de Ossaim;
  • Kolabá (Kólábá): cargo do quarto de Xangô. É a responsável por carregar o labá (bolsa de couro onde são guardadas as pedras de raio – èdún àrá;
  • Mayê: mexe com as coisas secretas do axé: ajuda o Zelador no preparo do Adoxu;
  • Obás de Xangô: são consagrados a Xangô e guardiães do seu culto. São em 12 os principais, cada qual com 2 substitutos (Òtún , da direita e Òsì, da esquerda):

    Direita:

    1 – Abíodún

    2 – Ààre

    3 – Àróló

    4 – Tèlà

    5 – Òdòfin

    6 - Kakamfò 

    Esquerda:

    1 – Ònàsokùn

    2 – Aresà        

3 – Eléèrìn

4 – Onìíkoyí

5 – Olúgbòn       

6 – Sòrun

  • Oburô: alto título da hierarquia do culto;
  • Ogalá (Ogalá): cargo do culto a Oxalá;
  • Ogãn (Ògán): é uma cargo masculino de alguém que não entra e transe. Os ogãns são iniciados (confirmados), mas não recebem todos os preceitos de um yawo. Os Ogãns, tal como as Ekedis, não fazem obrigações periódicas de 1, 3 5, 7, 14 e 21 anos, ao contrário dos Yawos. Também são chamados de Pais;
  • Ojú Obá (Ojú oba): é um cargo ligado ao culto de Xangô. Significa os Olhos do Rei;
  • Ojuodé (Ojú Odè): cargo do quarto de Oxossi (os Olhos do Caçador);
  • Ojuomin: posto do quarto de Oxum (os olhos das águas);
  • Olopá (Olopá): é o encarregado de sacrificar cachorro para Ogum;
  • Oluô: o olhador do oráculo;
  • Ològun: Cargo masculino. Despacha os ebós;
  • Olopondá: grande responsabilidade na iniciação;
  • Omolará: posto de confiança;
  • Oloya: Cargo feminino das filhas de Oya. Despacha os ebós;
  • Pejigãn ou Abajigãn (Pejigán): é aquele incumbido de sacrificar os animais atinentes ao Peji  ou Cumeeira da Casa;
  • Rumbono (Humbono): é a primeira pessoa iniciada na Casa. Expressão de origem Jeje;
  • Sarepebê (Sárepegbé): transmite as decisões egbê, comunicando entre os Terreiros as festas e formulando os convites. É uma espécie de relações públicas do Barracão. Sáre – o que corre, pè – e comunica, egbé – as coisas da sociedade. Geralmente é uma cargo a alguém de Exú ou Ogum;
  • Sidagan: é a mais nova (no santo) auxiliar dos ritos de ipadê;
  • Sobalojú (Sobalóju): posto do quarto de Xangô;
  • Tojuomó (Tojúomo): aquela que olha pelas crianças. De oju – olhar, omo – filho, criança;
  • Vodunci: é o mesmo que ebômi (seu correspondente no Jeje);
  • Yarubá: carrega a esteira para o iyawô;
  • Ypery: Ogan de Odé;

 

 

                                                              

                                                                      "OGÃ - OS SENHORES DO CANDOMBLÉ"

                                               A palavra ogã é de origem Jêjê ( Ewfon ) mais se popularizou e é usada em todas as nações do candomblé para designar o homem que é o guardião e auxiliar com muitas funções junto ao zelador ou zeladora das divindades. Existem muitas duvidas em relação à feitura do ogã, mas as funções são geralmente iguais na maioria dos terreiros. Antes de qualquer coisa, o candidato a se tornar um ogã da casa deve conquistar a confiança e a simpatia do chefe da casa; passando por várias etapas a começar pelo jogo de búzios, a pessoa espera ansiosa pelo dia do seu apontamento ou suspensão e é quase sempre um dia de festa dos santos ao qual o leigo em questão será guardião.

                                          O Orixá manifestado no zelador ou num ebomi da casa, dirige-se até a pessoa que será apresentada como futuro membro da comunidade no cargo de ogã; a divindade o pega pelo braço e o apresenta em seguida a alguns ogãs já veteranos que o suspendem numa cadeira e o levam nos quatro cantos da sala, e em seguida o senta para as devidas congratulações dos membros, que estão alegres por mais uma escolha do santo de um novo filho e pai. Tudo isso é feito com o som dos atabaques e cânticos próprios. A primeira etapa foi cumprida e o futuro ogã se prepara para sua feitura, onde deverá custear a festa e zelar pela divindade que o escolheu. Se for de Ogum, ele deverá sair do roncó, geralmente com o Ogum do pai ou mãe de preferência no dia da sua festa.

                                              Em algumas nações sua preparação no candomblé ocorre num tempo mais curto do que os que se recolhem para raspar a cabeça, que entram em transe ( manifestação do santo ), quase sempre é de 8 e 14 dias, e os que manifestam as divindades é de 21 à 1 mês. Não incorpora o santo ou qualquer outra entidade, passam por muitos fundamentos ( bori, ebó, entre outros). Sua feitura denomina-se de confirmação ou seja, ele não raspa a cabeça ( em algumas nações ), pois não entra em transe, a própria divindade a qual foi consagrado e que vem num ato de preceito confirmar o seu ogã, isso acontece na maioria das casas de tradição da Bahia. Mas existe também o caso daqueles que são raspados e passam pelo mesmo processo dos voduncis ( aqueles que incorporam o santo ), nesses casos são geralmente filhos de pais e mães de santo que preparam-no para poder sucedê-lo no futuro, ou por algum motivo o jogo ou o santo determina à raspagem. Cada caso é um caso a ser analisado; mas ogã em todas as nações de candomblé é auxiliar direto do zelador. No caso de herdar a casa, ele sempre vai contar com a ajuda de um (a) vodunci para auxiliá-lo em muitos preceitos e demais tarefas. Existem casas de candomblé com o regime patriarcal que na falta de pai de santo (voduncis homens), preparam um determinado ogã para sentar ao posto, este caso temos como exemplo a casa do Bate-Folha, onde há esse costume.

                                             Os ogãs não jogam búzios a não ser algumas exceções feitas por motivos já explicados no último parágrafo. Funções de ogãs Alabe (Ketu), Xicaramgoma (Angola), Runto (Jeje), são tocadores de atabaques, que na Umbanda se chamam de atabaqueiros ou curimbeiros. Axogum (Ketu), Tata Poko (Angola), Pejigam (Jeje) são os encarregados dos sacrifícios dos animais e em outros casos zela pelo quarto onde mora as divindades que recebem sacrifícios. Na nação Jeje o runto, pejigam cuidam das noviças que estão baldas ( desmaiados), antes de entrarem para os quartos. Os ogãs são os guardiões dos terreiros, ajudam na manutenção. No passado muitos candomblés na época da perseguição policial não foram profanados devido a influência de muitos ogãs ligados ao terreiro."

 

                                                                   

 

                                                                             ASÒGÚN ou BÀBÁ ASÒGÚN

                                               Asògún ou Bàbá Asògún é um posto de extrema confiança e que exige muita responsabilidade do escolhido. Ao pé da letra é “aquele que se veste de facas”. É importante ressaltar, que a pessoa que recebe esta função em uma casa de candomblé, pode ser considerado um sacerdote, pois o mesmo é o responsável pelos Oro n’pa Òrìsàs, que tem uma importância muito grande no culto, pois usando os elementos corretos, passará muita energia e vida para os filhos e Òrìsàs, fazendo esta ligação. Precisa estar atento e conhecer profundamente os elementos utilizados para não evocar uma energia incorreta para a finalidade ou para determinado Òrìsà.

                                              Um Asògún ou Bàbá Asògún deve ser respeitado por todos, pois é ele quem cuida do Oro n’pa do nosso Òrìsà, do nosso Ori. A ele os Ìyáwòs devem Idobale, em sinal de respeito sobre aquilo que o mesmo serve ao nosso Òrìsà. É importante, neste aspecto, ressaltar que, um Asogùn ou Bàbá Asògún tem também preceitos a cumprir juntamente ao Ìyáwò, óbvio que não um preceito igual, porém ele tem preceito em referência ao que pratica, uma vez que ele estará exercendo ali o ato de troca de energia, o mesmo deve estar devidamente de corpo limpo e às vezes até cumprir preceitos de alimentação.

                                              Este posto é um posto de exclusividade masculina, só homens podem exercê-lo, e de preferência homens de Ogun, pois os mesmos já trazem consigo a energia do seu Òrìsà para manuseio dos obés.

                                              É importante destacar que, esta pessoa, deve ter um bom coração, não pode ter maldade, deve nascer realmente para ajudar na manutenção do Asè e desejar o bem para quem está recebendo o Asè, independente de quem seja, pois o Asògún ou Bàbá Asògún nasceu com esta missão, de ajudar na prosperidade e no crescimento do Asè, pois o mesmo é um dos geradores de Asè de uma Casa de Candomblé.

                     

 

                                                             

                                                A Ekedjí é mãe e deve ser chamada de Iyá ( mãe ) por onde passar pois nasceram Mãe e quando se nasce mãe todo o respeito deve ser lhes dado, sendo que a Ekedjí além de nossa mãe, é mãe de todos os filhos do mundo pois a sua voz é O ADJÁ sagrado e com ele que ela fala com os deuses, e elas são escolhidas pelos Deuses.

                                                O detalhe é que elas podem não rodar de santo mas não existe palavra maior dela com o orixá. Elas tem privilégio de poder falar com os deuses e serem ouvidas primeiro que todo e qualquer outro cargo dentro do candomblé.
Então ekedjí que se preza:

Não dá incorporação.
Não roda de nenhum catiço.
Não toca atabaque em festa pública.
Não maltrata orixá no barracão.
Não dá baixa na frente dos outros e na frente das pessoas.
Não menospreza as pessoas.
Mãe é mãe e sempre será mãe. Uma vez EKEDJÍ PARA SEMPRE EKEDJÍ.
Nasceu ekedjí morrerá ekedjí.

                                                 Seu Orí é sagrado e que de tão evoluído não precisa que orixá se manifeste. Participa de tudo acordada e ciente de seus deveres pois:
O adjá foi feito para elas;
O adjá é a voz delas;
O adjá é o que direciona o mundo;
O adjá é o que mostra o caminhos;
                                                Cada laço dado em uma roupa de santo e um carinho na alma e no seu orixá.

 

 

                                               

                                                                             Babalorixá / Yalorixá                         

Todos sabem que Ìyálòrìsà ou Bàbálòrìsà é a função mais importante de uma casa de candomblé. É o representante maior de ligação com os Òrìsàs. É o maior espelho para seus filhos de santo, pois assim como um pai ou mãe carnal, sua ligação com os filhos abrange também a educação, ao hungbé, e modos. Se um pai grita muito com um filho, um filho gritará muito com seu irmão. Citamos este exemplo mesmo sabendo que muitas vezes é necessário uma "bronquinha" para se colocar a ordem, mas o que queremos dizer é que um Bàbálòrìsà e/ou Ìyálòrìsà precisam de muito, muito equilíbrio.

Devem ser as pessoas mais equilibradas de uma casa. Equilibradas em sua casa e também dentro da sociedade. Eles são os maiores espelhos e referencias da religião. O respeito adquirido, em verdade, deve ser conquistado, e em raríssimas vezes um Ìyálòrìsà precisa levantar seu tom de voz no sentido de colocar uma palavra de ordem e na maioria das vezes isso acontece por rebeldia de seus filhos, para corrigir, para ensinar.

Hoje em dia, vemos muitos casos onde o adepto se inicia, fica muitas vezes afastado do seu Asè, ou pula de galho em galho, ou quer ser Bàbálòrìsà ou Ìyálòrìsà antes do tempo, e de repente lá está ele com sua Casa de Santo aberta, e este é um assunto muito sério e delicado. Sério por que ele seguirá a quem e o que? Que conjuntos de saberes ele reunirá para o seu exercício, se mal os viveu? Basta querer para ser?

São necessários inúmeras competências, habilidade, maturidade, equilíbrio, senso de família, conhecimentos, vivências e o principal, ter sido escolhido para esta função. E quem é realmente de candomblé e conhece sua proximidade com os saberes ancestrais, sabe que escolhemos nosso “Ori Inu” (nossa mente interior), ainda mesmo antes de virmos à vida.

Existem caminhos, existem escolhas, e ir contra isso é optar por uma vida fora do lugar. Mas muito além de colocar sua vida fora do lugar, está em colocar em risco a vida de outras pessoas e todos os saberes ancestrais africanos, pois todos nós, somos responsáveis por esses saberes e pela vida dos que procuram pelo Asè.

Quanto aos deveres de um Pai ou Mãe de santo, destaco num geral a total dedicação a uma cabeça, pois é isso que eles devem fazer, estarem concentrados em cuidar das cabeças de cada um e conseqüentemente de todo o restante. O equilíbrio, a concentração e a dedicação devem ser totais e por este motivo, suas preocupações são essas. Por isso os filhos mais velhos, Egbonmis e Oloyes têm que filtrar sempre, pra que eles tenham sua mente em paz para cuidar do sagrado por cada um de nós.

Devem dedicar seus tempos a estudos minuciosos sobre a religião, como jogos de búzios, elementos de ebós, oros, caminhos de santo e tudo mais. É muito admirável alguém nesta posição e deve no mínimo ser muito, muito respeitada por esta braveza e coragem em servir ao Orisa.

O respeito a um Bàbálòrìsà deve ser o maior e absoluto, uma vez que esta pessoa foi a escolhida pelo seu Santo para ser zelado. É inadmissível um filho que desrespeite sua Mãe ou Pai de santo, depõe contra si mesmo.

Devemos pensar e entender que naquele dia em que comparecemos no terreiro queremos atenção, mas e nos dias em que estes Senhores (as) se vêem sozinhos sem ninguém ao seu lado??? Por que é exatamente isso o que acontece com a maioria, muitas vezes procurados apenas num momento de dor ou angústia.

Devemos dar valor a estas pessoas tão importantes em nossas vidas, não podemos deixar para dar valor no dia em que não estiverem mais aqui. Por isso, nossa mensagem aqui é para que saibam que um Pai ou Mãe de santo devem ser tratados como nossos próprios pais, pois eles o tratarão como verdadeiros filhos e podem acreditar que, os verdadeiros escolhidos para tal função agirão exatamente assim.